O que fazer em Pompeia?

Se não fosse por causa de uma grande tragédia, talvez hoje a cidade de Pompeia seria mais uma entre as belas cidades da Itália.
Se não fosse a fúria de um dos vulcões mais temidos do mundo, talvez nosso fim de semana não teria sido tão especial e tão diferente.
Mas como assim? Como algo tão terrível, ocorrido no ano 79 da era cristã, pode ainda hoje, ser um programa tão interessante, para um grupo de padres brasileiros e estudantes? Seria trágico, se não fosse extremamente cult, a visita de um dia inteiro, a um dos sítios arqueológicos mais visitados no mundo. Mas, de fato, o que fazer em Pompeia?
Logo que se aproxima da cidade, ao longe se avista o gigante silencioso, o todo poderoso Vesúvio, que não é só um vulcão, mas também o grande vilão e o protagonista-mor dessa história, continua lá, vivo, garboso e varonil. Sem nenhum escrúpulo de assumir que a culpa foi toda dele…
E atrás da montanha de fogo e cinzas sulfurosas, toda tímida, derrotada, envergonhada, se esconde a velha e sempre jovem, Pompeia!
Ela usa ainda o véu do tempo, para esconder as suas cicatrizes e as sequelas enterradas junto com o seu povo e os seus tesouros. Por outro lado, Pompeia não tem vergonha nenhuma de mostrar o quanto já foi bela e o quanto foi intensa e cativante, seja pelos vestígios de mármore das fontes, pelos belos mosaicos nos pisos das casas, seja pelos suntuosos pórticos do fórum, as robustas colunas dos templos e uma infinidade de ruas de pedras e marcas, que deixam clara a vivacidade cultural e comercial de outrora.
Encantados e entusiasmados com os relatos de Pompeia, os padres do Colégio Pio Brasileiro, migram para a Pompeia moderna, com seus museus, parques, restaurantes e um belo santuário. Assim como os napolitanos da cidade vizinha, eles sentaram à mesa e, de entrada, se serviram da amizade, partilharam a boa e descontraída conversa, partilharam uma deliciosa refeição, brindaram um bom cálice de vinho, licores e risos. E depois, como se tudo não bastasse, foi hora de matar a fome da alma, como filhos obedientes, descansaram um pouco no colo de Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, ao som do incessante terço, rezado pelos fiéis, desde o tempo do Padre Radente e do Beato Bartolo Longo, que iniciaram a experiência da reza do Rosário, a fim de acalmar os vulcões internos de cada fiel, ou mesmo escapar da condenação do vulcão eterno.
A bela Pompeia, com todo o seu requinte de dama, com todo o seu charme de mulher, abalou as estruturas do tímido e temperamental Vesúvio… que num surto de raiva e paixão, sem poder desposar aquela que ele tanto amava, Pompeia… enlouquecido pelo ciúme dos habitantes que dela desfrutavam despretensiosamente, vomitou fogo sobre os próprios pés… e sepultou sua amada, sob todo o seu conteúdo de morte e destruição.
Quanto aos padres… agradecidos de cultura e fé, ao invés de submeterem aos caprichos do Vesúvio, preferem permanecer aos pés da Virgem do Rosário, aquela que gerou e foi gerada no mais poderoso de todos os vulcões… o Amor!

Texto: Pe. Mauro José Ramos – Diocese de Caraguatatuba (SP)
Fotos: Pe. Domingos Barbosa Filho – Diocese de Oeiras (PI), Pe. Irineu Costa Correia – Arq. de Santiago (Cabo Verde) e Pe. Manoel Ferreira de Freitas – Diocese de Tianguá (CE).

 


By | 2019-11-19T20:17:50+00:00 novembro 19th, 2019|Notícias|0 Comments

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